A indústria de remédios para perda de peso está em rápida expansão — e tem aguçado o apetite dos investidores. Afinal, com a promessa de combater as taxas globais de obesidade, a atividade poderá valer até US$ 200 bilhões até a próxima década, segundo o banco Barclays.
Denominando a obesidade como “a história desta década”, a chefe de pesquisa de ações farmacêuticas europeias do Barclays, Emily Field, elevou a estimativa do banco sobre o potencial da indústria dos remédios para emagrecimento.
“Achamos que poderia chegar a um mercado de US$ 100 bilhões [nos próximos 10 anos]. Talvez possa ser até o dobro se isso continuar e realmente vermos uma penetração maior”, afirmou.
Isso porque os medicamentos para perda de peso se tornaram um assunto quente à medida que as autoridades de saúde pública mundial e as empresas farmacêuticas procuram soluções para a crescente “epidemia de obesidade”.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as taxas globais de obesidade quase triplicaram na última década. Atualmente, estima-se que 1 bilhão de pessoas sejam clinicamente obesas — das quais cerca de 650 milhões são adultos, 340 milhões são adolescentes e 39 milhões são crianças.
Como os medicamentos para obesidade funcionam?
Os remédios para obesidade e perda de peso dependem de um ingrediente ativo chamado semaglutida, que pertence a um grupo de medicamentos chamados agonistas do receptor GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1).
Originalmente desenvolvidos para tratar diabetes, eles funcionam imitando um hormônio intestinal que ocorre naturalmente e ajuda a regular o apetite no cérebro. Assim, levando à perda de peso.
No entanto, esse tipo de remédio também atraiu controvérsia, especialmente depois dos fabricantes admitirem que os pacientes, provavelmente, podem recuperar o peso perdido ao deixarem de tomar a medicação.
Além disso, há questionamentos se os remédios, com os componentes químicos presentes em sua composição, podem acarretar problemas de saúde a longo prazo.
Um teste para a indústria
Apesar das controvérsias envolvendo os remédios para obesidade, Field afirma que um próximo estudo, previsto para o segundo trimestre deste ano, pode ir mais longe ao descobrir os benefícios cardiovasculares desses medicamentos.
E, portanto, entender as aplicações mais amplas. Se os resultados forem positivos, isso poderá fornecer um impulso adicional para a indústria do remédio para o emagrecimento, pontua a pesquisadora.
Contudo, é preciso ressaltar que o potencial observado pelo banco Barclays é bastante ousado, quando comparado com a projeção de outros especialistas.
No mês passado, o analista de farmacêuticas do Citigroup, Pete Verduit, disse à CNBC que a indústria de combate à obesidade poderia valer US$ 50 bilhões até 2030. “[Isso] sem fazer suposições ridículas”.
Já o Morgan Stanley avaliou a indústria em US$ 54 bilhões até 2030, conforme uma pesquisa divulgada em agosto de 2022.
Ainda assim, Emily Field afirma que os investidores deveriam olhar para a indústria dos remédios para obesidade e emagrecimento com uma visão de longo prazo.
Fonte: Suno Notícias (escrita por Janize Colaço), com informações da CNBC