Segundo o ECDC, não há evidência de que a BQ.1 esteja associada a uma maior gravidade da infecção do que outras variantes da ômicron

Em circulação no país, a nova subvariante da ômicron da Covid, a BQ.1, foi encontrada em São Paulo, onde ocorreu uma morte, no Amazonas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo, mas isso não significa que seja a sublinhagem dominante no país. Ela também já foi identificada na Europa e nos Estados Unidos.

Com sintomas semelhantes às variantes anteriores, a BQ.1 não é de maior gravidade. De qualquer forma, a recomendação da Sociedade Brasileira de Infectologia, divulgada em nota nesta sexta (11), é completar o esquema de vacinas – que protegem contra essa nova subvariante – e manter medidas como o uso de máscaras e distanciamento social, principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos.

O que é a BQ.1?
A BQ.1 está entre as mais de 300 sublinhagens da variante ômicron que circulam pelo mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 95% dessas sublinhagens são descendentes diretas da BA.5.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças da Europa (ECDC), não há evidência de que BQ.1 esteja associada a uma maior gravidade da infecção do que as variantes BA.4/BA.5 da ômicron.

A BQ.1 parece escapar mais facilmente da proteção das vacinas (mas isso não significa que as vacinas não protegem). Ela apresenta mutações na proteína spike que dificultam o reconhecimento e a neutralização do vírus pelo sistema imunológico.

Quais os sintomas?

Especialistas dizem que os sintomas são semelhantes às variantes anteriores. Veja quais são eles:

Febre ou calafrios
Tosse
Falta de ar ou dificuldade para respirar
Fadiga
Dores musculares ou no corpo
Dor de cabeça
Perda de paladar ou olfato
Dor de garganta
Congestão ou nariz escorrendo
Náusea ou vômito
Diarreia

“Os sintomas são basicamente os mesmos: dor de cabeça, tosse, dor de garganta, quadro febril, perda de olfato e paladar. Mas, felizmente, não temos visto pacientes com gravidade. Temos visto casos mais leves, mais brandos, sem internações”, explica a infectologista e diretora da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), Karen Mirna Loro Morejón.

As vacinas atuais continuam protegendo?
Sim. Embora as subvariantes da ômicron “escapem mais facilmente” da proteção das vacinas atuais, elas continuam protegendo.

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, reforça que a vacina já provou que funciona, mas é preciso completar o esquema vacinal.

E as novas versões de vacinas?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está analisando dois pedidos da Pfizer referentes às vacinas chamadas bivalentes. Uma delas contém, além da cepa original, a subvariante ômicron BA.1. Já a outra versão engloba as subvariantes BA.4/BA.5.

De acordo com a Pfizer, a vacina mostrou um aumento substancial nos níveis de anticorpos neutralizantes contra as subvariantes em adultos após uma semana. A versão bivalente já foi aprovada na União Europeia e nos Estados Unidos.

Quais cuidados devemos tomar?
Para Morejón, além da vacinação em dia, a população deve fazer a “gestão de risco”. Ou seja, se você está num ambiente fechado, nesse cenário de aumento de casos, use máscara. “Mesmo não sendo de um grupo vulnerável, mesmo não tendo nenhuma comorbidade, você pode adoecer e pode levar a doença a outras pessoas”.

Em nota, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) reforçou que a população procure os postos de saúde para receber a dose de reforço. Além disso, lembrou que pessoas mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos, devem continuar com as medidas de prevenção não farmacológicas, como o uso de máscaras e distanciamento social.

E se você tiver algum sintoma gripal, faça o teste de Covid, se isole, evite contato com as pessoas até o resultado sair. Se fizer o teste no início dos sintomas e der negativo, a infectologista sugere repetir o exame 48 horas depois para evitar o “falso negativo”.

Covid longa preocupa
Não é porque estamos vendo muitos quadros leves de Covid-19 que devemos relaxar.

O neurocientista Miguel Nicolelis fez um alerta no Twitter: “Nova variante BQ.1 que surgiu da BA 5 escapa mais da cobertura das vacinas que temos no Brasil. É preciso investir na compra de novas vacinas, incentivar de novo o uso de máscaras e combater o crescimento de casos porque este é um vírus para não se pegar porque ele pode levar a sequelas crônicas!”

Morejón concorda. “O melhor é sempre não pegar. Assim como a maioria evolui bem, há pacientes com sintomas de longo prazo. Não podemos admitir que uma pessoa morra de uma doença imunoprevenível”.

Entre as sequelas de Covid longa (longo prazo) que a infectologista tem visto estão: cansaço, cefaleia, casos de enxaqueca, problemas renais, perda de memória, confusão mental. “Existe um impacto da Covid na vida pessoas, sim. Não é porque é leve que devemos baixar a guarda”, diz.

Um estudo holandês publicado em agosto apontou que um em cada oito adultos infectados com o vírus Sars-CoV-2 experimenta sintomas de Covid longa, que é quando um ou mais sintomas persistem quatro semanas após a infecção.

A pesquisa descobriu que vários sintomas eram novos ou mais graves três a cinco meses depois de a pessoa ter tido Covid-19, em comparação com os sintomas antes da infecção e grupo controle (que não positivou para o vírus).

Fonte: G1