Entre outros achados, foi constatado que apenas 6,7% de pessoas que tiveram infarto ou AVC estão tomando os medicamentos necessários, e apenas 0,7% em dosagens que seriam adequadas. Além do baixo uso de estatinas, a grande maioria não utilizava o ácido acetilsalicílico (97,7%), mandatório no tratamento dessas doenças, e 92,5% dos hipertensos não utilizavam remédios para baixar a pressão.
Para a Dra. Julia Machline Carrion, Head of Medical Affairs da epHealth, e pesquisadora principal e chair do estudo, a utilização de dados de mundo real ( do inglês, "real world data") obtidos pelos profissionais comunitários no contexto das suas atividades rotineiras resulta na construção de uma perspectiva muito mais ampla e até então inédita para a medicina de todo o planeta.
“A metodologia por trás deste estudo dá voz à comunidade. O uso de dados obtidos diretamente do cotidiano da população é uma iniciativa fundamental para que profissionais da saúde e gestores identifiquem caminhos para expandir as suas ações preditivas não só direcionadas às doenças cardíacas, mas a todas as enfermidades”, descreve. “
Vale dizer que a atuação dos agentes comunitários no Brasil ocorre desde 1994, com a criação do Estratégia Saúde da Família, programa do Ministério da Saúde que segue em vigência até os dias de hoje. O sucesso dessa iniciativa brasileira vem servindo inclusive de referência para a criação de programas equivalentes em diversos países, como é o caso do Reino Unido através do seu NHS (sigla em inglês para o Serviço Nacional de Saúde).
Ainda segundo a autora, a combinação do esforço desses profissionais e o uso da tecnologia abre espaço para uma construção de um cenário muito mais factual e assertivo, trazendo possibilidades significativas para a saúde global. “A atuação proativa dos agentes somada ao instrumental digital cria um substrato informacional mais fidedigno com os reais problemas e necessidades da população”.
Vale ressaltar ainda que os dados analisados na proposta foram tratados de forma desidentificada, garantindo a confidencialidade das informações e seguindo os rígidos padrões de segurança de acesso às informações pessoais destinadas à pesquisa científica
Diante dos achados, Raul Santos, cardiologista e pesquisador da Academic Research Organization do Einstein e autor sênior do estudo, diz que é preciso haver uma conscientização da segurança dos tratamentos, capazes de reduzir em até 60% o risco de novas complicações. O médico reforça ainda que a mudança de cenário passa pelo caminho da educação, da disseminação das informações junto aos médicos e pacientes, do acesso ao medicamento e da monitoração do uso dos medicamentos e dos valores de colesterol. “Esse número é muito ruim e mostra que as pessoas não percebem que podem morrer ou ficar com sequelas por causa dessas doenças. Para elas também ainda não deve estar suficientemente claro que existem formas de evitar ou reduzir essas complicações”, explica.
Segundo a Dra. Prisicila Raupp, gerente médica da Novartis e também autora do estudo, a enorme abrangência da pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias para a redução do risco cardiovascular atribuído ao colesterol. “Encontrar meios para destacar a importância da redução do colesterol da população é um dos desafios da medicina moderna. O estudo nos fornece subsídios valiosos para identificarmos os melhores métodos e caminhos que consigam abreviar o processo até a contemplação deste objetivo”, completa.
Fonte: pfarma.com.br